Apagamentos no Yoga moderno
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DatA

Ou parafraseando Spivak: ” Pode o subalterno falar?”

Lemos e praticamos o que os colonizadores permitiram que chegasse até nós, como os Sútras de Patañjali (um brâmane, a casta mais alta do hinduísmo), Bhagavad Gítá, que transmite os ensinamentos dos Vêdas (que vem dos brâmanes tb), textos europeus como Mircea Eliade e George Feuerstein.

E não é uma crítica a esses textos em si, que são realmente incríveis e partem de muito estudo e conhecimento.

A crítica é que são APENAS esses textos que têm a hegemonia na nossa concepção do que é Yoga. E se não está embasado nessa literatura, costuma ser algo menor ou ilegítimo.

É como definir o que é um elefante vendo apenas a sua tromba ou o seu rabo e criticar e diminuir aqueles que definem elefante como a sua pata ou suas orelhas.

Fomos moldados para cultuar as técnicas e métodos dos yogas que nos chegam sem poder refletir ou questionar (faz parte da metodologia colonizadora).

Da mesma forma replicamos discursos maniqueístas achando que temos verdades absolutas nas mãos.

E quando digo isso tudo, também me incluo, pois também faço parte dessas transmissões incompletas, dualistas, moralistas e baseadas no meu prisma cultural.

Busco e espero que a cada dia possamos reinventar nossos yogas, como parte desse laboratório de experimentações e de reflexões sobre o fazer e ensinar esta prática no nosso país.

Que haja menos preconceitos com corpos e habilidades diferentes, com menos certos e errados, menos críticas e diminuições se é gord@ ou magr@, jovem ou velh@, se faz yôga, yoga, yóga, ioga, ióga, ioguinha, no masculino, no femenino, pois nenhuma discussão linguística muda nem interfere na prática da expansão de consciência, só mexe com nosso ego mesmo.

Que a cada dia possamos estar mais abertos a ajudar o próximo dentro de suas e nossas limitações, que a cada dia haja mais vontade de evoluirmos como espécie, de voltarmos a nos unir com o Absoluto.

Na minha humilde opinião, isso é yoga. E todas as técnicas buscam que estejamos bem fisica, emocional, mental e espiritualmente para esse retorno ao coletivo e não à individualidade egoica.

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