Parece que todo mundo tem uma verdade absoluta sobre o que é ou não é yoga, né.

Vc sabia que no Brasil 70% a 80% do conhecimento de todas as áreas são oriundos de traduções?
É simples perceber isso, só entrar em uma livraria grande e ver a quantidade de livros bestsellers estrangeiros estão na entrada e buscar os livros brasileiros mais escondidos.

E o que isso tem a ver com a definição de Yoga??
Temos por vezes a ilusão de que tudo que se produz em alguma área é traduzido e chega até nós, mas na verdade as traduções alcançam apenas recortes de outro sistema literário, e na maioria das vezes são feitas por interesses editoriais e mercadológicos, ou seja, o que é mais interessante para vender na cultura de chegada (nós), e não por serem escolhidos como os melhores/piores textos da área.

E por que digo isso?
Porque nosso acesso aos textos de yoga é muito restrito. Quais são os clássicos que todo mundo fala sobre definições e práticas de yoga?
Yoga Sútras, Hatha Yoga Pradipika, Bhagavad Gítá e algumas poucas Upanishads. Basicamente isso.
Esse pequeno cânone não mostra o que é o yoga em sua totalidade, mas sim traços de tradições específicas em momentos históricos e sociais específicos. Porém qualquer um que dê uma olhadinha por cima desses livros parece que se legitima coach cósmico habilitado em assuntos samádhicos.

Com uma quase hegemonia de um yoga postural moderno e um monte de gurus ditando verdades absolutas, por vezes acreditamos que yoga é restrito ao que vemos diariamente nas redes sociais.

Tampouco sei o que é esse negócio de yoga e tô ainda tentando descobrir, assim como não consigo definir o que é a música ou a arte por exemplo. E talvez nem seja necessário definir e restringir nada disso.

Minhas palavras são apenas pra fazer uma apologia ao estudo e à reflexão, e menos às definições rasas e repetitivas, limitantes e excludentes, com super valorização de corpos perfeitos, vidas perfeitas, verdades absolutas sobre autoconhecimento e receitas generalistas que dizem levar qualquer um ao Samádhi.